No comboio descendente
No comboio descendente
Vinha tudo com pentes
Uns por verem rir os outros
E os outros sem dentes
No comboio descendente
De Queluz até sementes.
No comboio descendente
Vinham todos drogados
Uns calados para os outros
E os outros envenenados
No comboio descendente
Da Cruz-Quebrada aos Fados.
No comboio descendente
Mas que risada
Uns dormindo outros com sono
E os outros à cabeçada
No comboio descendente
De Palmela à Ramada.
David
No comboio descendente
Vinha tudo a ler
Uns por verem rir os outros
E os outros a escrever
No comboio descendente
De Queluz a Beber.
No comboio descendente
Vinham todos a roer
Uns calados para os outros
E os outros a ver
No comboio descendente
Da Cruz-Quebrada a Comer.
No comboio descendente
Mas que grande algazarra
Uns dormindo outros com sono
E os outros com a cigarra
No comboio descendente
De Palmela a Guitarra.
Maura
No comboio descendente
Vinha tudo na panela
Uns por verem rir os outros
E os outros a comer mortadela
No comboio descendente
De Queluz à Daniela.
No comboio descendente
Vinham todos a comer
Uns calados para os outros
E os outros a morrer
No comboio descendente
Da Cruz-Quebrada a Morder.
No comboio descendente
Mas que grande ratinho
Uns dormindo outros com sono
E os outros com dinheirinho
No comboio descendente
De Palmela ao moinho.
Guilherme
No comboio descendente
No comboio descendente
Vinha tudo à palhaçada
Uns por verem rir os outros
E os outros sem fazer nada
No comboio descendente
De Queluz à Ramada.
No comboio descendente
Vinham todos à gargalhada
Uns calados para os outros
E os outros à cabeçada
No comboio descendente
Da Cruz-Quebrada a uma cidade desmanchada.
No comboio descendente
Mas que grande acção
Uns dormindo outros com sono
E os outros com muita educação
No comboio descendente
De Palmela ao meu coração.
Rita
No comboio descendente
No comboio descendente
Vinha tudo à panelada
Uns por verem rir os outros
E os outros à bananada
No comboio descendente
De Queluz à Ramada.
No comboio descendente
Vinham todos à morcela
Uns calados para os outros
E os outros à cancela
No comboio descendente
Da Cruz-Quebrada à Bela.
No comboio descendente
Mas que salvação
Uns dormindo outros com sono
E os outros com comichão
No comboio descendente
De Palmela a Olhão.
Luís
No comboio descendente
No comboio descendente
Vinha tudo à marmelada
Uns por verem rir os outros
E os outros por nada
No comboio descendente
De Queluz à Apagada.
No comboio descendente
Vinham todos à porta
Uns calados para os outros
E os outros na horta
No comboio descendente
Da Cruz-Quebrada à Morta.
No comboio descendente
Mas que rapidez
Uns dormindo outros com sono
E os outros falam chinês
No comboio descendente
De Palmela até Vez.
Diogo
No comboio descendente
No comboio descendente
Vinha tudo contente
Uns por verem rir os outros
E os outros a dar ao dente
No comboio descendente
De Queluz até Luzmente.
No comboio descendente
Vinham todos com a Daniela
Uns calados para os outros
E os outros com a cadela
No comboio descendente
Da Cruz-Quebrada à Pimentela.
No comboio descendente
Mas que confusão
Uns dormindo outros com sono
E os outros ao pé do comilão
No comboio descendente
De Palmela até Canção.
Daniela e Beatriz
sábado, 13 de junho de 2009
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